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A Advocacia Corporativa Contemporânea foca nas perguntas ou nas respostas?

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Talvez muitos acreditem que a grande sabedoria da vida esteja nas respostas (certas), mas defendemos que (em verdade) esteja nas perguntas.

Talvez o mais sábio e experiente seja aquele que justamente com base em todo o seu conhecimento consiga propor a reflexão correta, a pergunta certa, para ajudar a identificar qual é a questão central no contexto analisado.

Uma vez conhecido o ponto principal e a “pergunta certa”, tende-se a encontrar também a resposta correta.

Ao longo dos séculos, tem sido a inconformidade humana com a realidade e a vontade permanente de melhorar, de lidar com questões e dificuldades – e a preocupação de evoluir e de progredir que geram “progresso” e “desenvolvimento”.

Em algum momento alguém provavelmente olhou para um rio ou um lago, ou um dos 7 mares, e pensou: “Por que não construímos um meio de navegar e de atravessar, que já mais eficiente do que simplesmente nadar?”

Algo semelhante, possivelmente tenha ocorrido com quem propôs reflexões relacionadas a situações que lhe intrigavam ou incomodavam, e procurou através de provocações e questionamentos encontrar as respostas/soluções.

Via de regra, os grandes saltos da humanidade ocorreram em rupturas, em quebra de inércia. E a “mola propulsora” foi o questionamento, a constatação de uma realidade e a vontade de alterá-la.

Nessa linha constata-se que o mundo não é movido pelas respostas como talvez se acredite de início, mas pelas perguntas.

Muitos advogados se questionam atualmente sobre o futuro da advocacia. Teremos advogados no futuro? Com qual perfil e atividade? Como será o relacionamento desses com a tecnologia, com as máquinas, com os robôs, com os algorítimos e com os aplicativos, e com a tecnologia em geral?

Veja também: A Inovação e a Criatividade são Primordiais no Mundo Corporativo Moderno

A advocacia (e os advogados) vai acabar?

Em grande medida a resposta mais real e honesta é que não sabemos. E apenas daqui a algum tempo teremos uma visão mais clara do patamar em que essas questões serão acomodadas e as dúvidas se estabilizarão (por um tempo).

Sustentamos que a advocacia se transformará (como aliás já vem ocorrendo), e entre outros ajustes, tudo o que for muito repetitivo e burocrático, puramente técnico e “braçal”, e que puder ser realizado de forma mais rápida e barata por “máquinas” o será.

Muitos colegas ficarão mesmo sem função e sem trabalho. E terão que tentar uma grande adaptação ou realmente sairão do mercado. Um grande ajuste está em curso e vem abalando profissionais, empresas e escritórios – e logo chegará às faculdades.

Como nada é para sempre, a evolução será constante e quem mais rapidamente e melhor se adaptar vencerá.

A advocacia não vai acabar. Mas a forma tradicional como a conhecemos sim.

O que se pode com relativa tranquilidade apostar é que os humanos e a tecnologia conviverão por (ao menos) bastante tempo, em funções diversas e complementares. E buscar essa harmonia, conseguindo o melhor resultado possível será uma arte.

A tecnologia tende a atuar em tudo o que for mais técnico, mais racional e mais padronizado e repetitivo, e os humanos no que depender de sabedoria, de empatia, de conhecimento de vida, de experiência, de criatividade, de inconformidade, e de fazer as perguntas certas.

As “máquinas” de hoje já respondem as perguntas técnicas muito mais rapidamente do que os humanos, a um custo menor, e muitas vezes de forma mais precisa. Essa competição é, portanto, tão inócua quanto desnecessária.

Em tudo (ou quase tudo) o que for repetitivo, e cuja resposta já for conhecida, a “máquina” tenderá a fazer mais rapidamente e de forma mais barata.

No campo jurídico, legislação, jurisprudência, doutrina, estudos, pareceres, modelos estão disponíveis em softwares ou na internet de forma geral. E essa realidade retirou dos humanos a função de decorar tudo isso e de pesquisar ou produzir da forma tradicional. Nessa nova realidade, como e no que vamos trabalhar?

O que faremos nós nos departamentos jurídicos das empresas e na advocacia corporativa de forma geral?

Teremos tanto mais lugar, função, valor e importância quanto mais pudermos utilizar nossa inteligência emocional, nossa visão humana das situações e nossa experiência de vida para, de forma criativa e constantemente inovadora, analisar fatos e situações sob o prisma das perguntas certas.

É com base em experiência, sentimento, “feeling”, inteligência emocional, criatividade, e sabedoria que os humanos que assim se adaptarem e destacarem poderão avaliar uma determinada situação e propor “a pergunta de um milhão de reais”.

Desta forma, acreditamos que os humanos terão (bastante) lugar/função no mundo das máquinas, pois elas ainda não terão respostas para as perguntas que (ainda) não foram feitas.

Uma vez descoberta a pergunta “certa” é bem provável que havendo resposta certa já conhecida, os algoritimos/aplicativos/robôs realizem a busca (pelos precedentes e avaliarão as variáveis) mais rapidamente e a um custo menor do que os humanos.

Defendemos, portanto, que a convivência “humano – máquina” precise ser harmônica e complementar, sendo crescente a necessidade (no ramo jurídico) do incremento das competências humanas e comportamentais (os “soft skills”) –  que ajudarão os advogados corporativos que melhor se adaptarem, a fazer as perguntas certas.

Conclusão

Frequentemente, na medicina por exemplo, vemos pessoas “pulando” de exame em exame, ou de profissional em profissional (o mesmo ocorre na advocacia) sem conseguir solução para seus problemas.  Em muitos casos o “segredo” pode estar justamente na pergunta certa! Porque não realizar aquele outro exame ou cogitar aquela outra opção de tratamento?

Foquemos pois, no que de mais humano temos, e sejamos melhores do que as máquinas no que elas ainda não são.

Estimulemos a dúvida, a pergunta e a criatividade humanas.

Esse é um dos temas que a atual realidade dos departamentos jurídicos inovadores mais demanda, e que mais se estuda e debate nos diversos foros que já temos no País.

Procure conhecer mais. Pode ser útil a você, e a sua equipe!

Advocacia CorporativaLeonardo Barém Leite é advogado em São Paulo, especializado em negócios e em advocacia corporativa, sócio sênior da área empresarial de Almeida Advogados, com foco em contratos e projetos, societário, governança corporativa, “Compliance”, fusões e aquisições (M&A), “joint ventures”, mercado de capitais, propriedade intelectual, estratégia de negócios, infraestrutura e atividades reguladas.

Formado em Direito pela Universidade de São Paulo (“São Francisco”) com especialização em direito empresarial, pós graduado em administração e em economia de empresas pela EAESP-FGV/SP, bem como em Gestão de Serviços Jurídicos pela mesma instituição. Pós-graduado em “Law & Economics” pela Escola de Direito da FGV/SP, especializado em Direito Empresarial pela Escola Paulista da Magistratura (EPM) e em Conselho de Administração pelo IBGC/SP. Mestre em “Direito Norte Americano e em Jurisprudência Comparada” pela “New York University School of Law” (NYU/EUA).

É membro de diversos conselhos de instituições brasileiras e internacionais, autor de diversas obras sobre gestão jurídica estratégica e direito empresarial, professor em cursos de pós-graduação. Integra várias comissões e comitês de advocacia corporativa em São Paulo e em outros estados.

É professor em cursos de especialização em Gestão Estratégica de Departamentos Jurídicos de Empresas na FIA e na FAAP, em São Paulo, e autor de livros sobre o assunto. Foi sócio do escritório Demarest e Almeida – Advogados onde atuou por mais de 20 anos, e também advogado estrangeiro no escritório Sullivan & Cromwell em NY e na Europa nos anos 1990.

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