Importância da Empatia nos departamentos jurídicos

A importância, a necessidade e o poder da empatia na Advocacia Corporativa, nas Empresas e na Vida

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Precisamos nos lembrar de que somos pessoas, e de que com pessoas nos relacionamos. Você realmente sabe o significa empatia? Sabe mesmo? E mais, você é verdadeiramente uma pessoa que pratica, e que “vive” esse conceito fundamental no ser humano?

Seja com a sua família, com seus amigos, com seus vizinhos, com seus colegas de trabalho, com seus clientes e parceiros, liderados.. Você é visto e reconhecido como alguém efetivamente humano e empático?

O diferencial na vida e nas empresas já não é mais a “informação pura” e nem a “tecnologia pura”, mas a experiência que se tem – e a que se proporciona aos demais.

Um mundo mais humanizado

No consultório médico ou no dentista, numa sala de aula, num restaurante, numa viagem, num evento sócio-esportivo, num show musical, numa reunião, numa palestra, numa entrevista e em tantos outros exemplos do nosso cotidiano, temos frequentemente nos lembrado de que o que “realmente conta” é o fato humano.

O melhor médico, o melhor professor, o melhor advogado, o melhor “chef” (e na mesma linha, a maioria das profissões) pode ser considerado “pouco” se abandonar o aspecto emocional, sentimental (humano) do seu trabalho e da sua profissão.

Foi se o tempo em que se buscava este ou aquele cinema, restaurante, “posto de gasolina”, barbeiro/salão de beleza, supermercado, curso etc. “apenas” pela aparência, proximidade, competência técnica ou custo. É cada vez mais pela satisfação, pelo bem-estar, pelo ganho e pela experiência que nos proporciona.

Lembremo-nos, por exemplo, do que realmente conta na família e nas amizades – é a empatia; ao lado da sensibilidade, da parceria, da cumplicidade, do apoio recíproco e da confiança.

Em cada solicitação que chegar a você, procure realmente entender e “sentir” o que a pessoa precisa e espera de você. Tente colocar-se realmente (o máximo possível), no “lugar dele”, nas condições dele, no contexto dele.

E tente entender o que você causa nas pessoas ao atender uma demanda. Elas ficam apenas satisfeitas pelo atendimento ou sentem algo mais?

Venda, entregue, apresente “experiências” vencedoras, agradáveis, acolhedoras, vá bem além do que “simplesmente” entregar resultados e respostas.

Perceba que quanto mais você realmente procura entender o que a pessoa precisa e tenta “sentir” o que ela sente, mais “fácil” e efetivo será o seu trabalho.

Caso você não saiba, procure descobrir o que as pessoas realmente sentem quando pedem a sua ajuda. Será que além de um bom técnico você tem sido percebido como um bom ser humano, realmente interessado, acolhedor e que se preocupa com as pessoas?

Fazer uma reunião como você ou ser atendido por você é uma boa e a agradável experiência? As pessoas ainda preferem você à máquina?

O “bom advogado” agora já não é mais o que “apenas” conhece leis e doutrinas, assim como também não é o que tem os melhores robôs ou sistemas de informação, mas é o que além de ter ótimas idéias, fazer as perguntas certas, pensar “fora da caixa”, resolver questões importantes, demonstra efetivo interesse pelas pessoas, pelas situações, pelas “dores” de quem as sofre.

Ao lado do raciocínio, da inteligência tradicional e da competência técnica, entender realmente o que as pessoas precisam, e mostrar acolhimento e interesse contam muito!

Temos que praticar (e não apenas falar) o “nós”, e não apenas ou “eu”, em todas as nossas atitudes e relações – pessoais e profissionais.

A qualidade das relações depende, em grande medida, dessa percepção que parecia estar perdida/esquecida, de que pessoas gostam de pessoas (usam sim a tecnologia, mas gostam de humanos). E de pessoas que se portam e comportam como tais.

E ao percebermos (de verdade!!) o que isso significa, entendemos a importância, a necessidade e o poder da Empatia.

Você tem percebido que a empatia é atualmente bastante rara e que faz muita falta? Pense um pouco mais…

Tem sido frequente que se fale na sua empresa em conceitos como resiliência, inclusão, competências emocionais – e empatia?

Há alguém que você admire e que seja reconhecidamente “humano”, inclusivo, acolhedor e humano? E na sua empresa existe?

Há um bom tempo sabemos que o efetivo diferencial no mundo corporativo “sênior” já não é mais o conhecimento técnico “puro”. E, igualmente, não é mais apenas uma questão de tempo e de custo.

Temos (felizmente) aprendido que o futuro (que já é presente) passa em grande medida pela melhor convivência humano-tecnológico na vida, na sociedade e nas empresas.

Por mais que já estejamos acostumados com “robôs”, “sistemas/softwares”, aplicativos, algorítimos, Inteligência artificial etc. (que são conceitos não apenas necessários como importantes), é preciso que cada vez mais nos lembre-mos de que somos humanos. E que como humanos vivamos.

A informação não é mais o grande objetivo de exames, palestras, cursos, programas de treinamento e desenvolvimento. Já não se busca evolução apenas via “diplomas”. E é essa uma das belezas da maturidade e da senioridade.

Embora muitos dos atuais “processos seletivos” nas instituições sejam basicamente “tecnológicos” (e são muitas as “ferramentas” para isso), são as competências das pessoas que as empresas mais disputam e querem atrair.

O que conseguimos realmente realizar (e “entregar”) ao longo de nossa trajetória e carreira, e a forma como o fazemos, é que atualmente “conta”.

Mais e mais o principal diferencial nos “currículos” é emocional, e passa pela forma de obtenção de resultados. Não apenas gerar e entregar resultados, mas o caminho e a forma para obtê-los.

O “aprendizado” atual mais valorizado está sendo a busca pela melhor sinergia e complementariedade dos recursos, a obtenção de melhores resultados de forma humana, lícita e ética, e a maior criação de valor – somando-se “tudo isso”.

Por economia de dinheiro, de tempo ou qualquer outra razão (até preguiça), muitas pessoas têm aproveitado várias das modernidades tecnológicas, como a simplicidade e a disponibilidade de se conseguir com alguns “cliques” comer, agendar viagens, comunicar-se com pessoas, solicitar transporte, fazer compras, “encontrar” companhia, informar-se etc. etc. etc. São realmente belezas do “mundo contemporâneo”.

De outro lado, justamente esse “mundo novo” (já nem tão novo assim…) gera a “raridade”, e com isso a beleza, o valor e a importância, do “slow food”, do “cafezinho com a família ou os amigos”, do “abraço”, ou mesmo da visita ou do telefonema, da consulta com calma quando se busca um médico, um terapeuta, um advogado, um dentista…

A facilidade, a praticidade, a “técnica”, a rapidez e o “preço baixo” tem o seu valor na vida atual – e que bom que a “modernidade” nos trouxe tudo isso. Mas o que costuma de fato fazer “a diferença” é o aspecto humano.

Seja no comércio seja nos demais setores da vida e da economia, o “grande diferencial” está no serviço. Na qualidade do atendimento e do serviço, do ponto de vista humano!! Ou seja, está nas pessoas.

Você não achou mesmo que esses conceitos tão básicos quanto importantes passassem longe da eficiência na advocacia corporativa, não é mesmo?

Conclusão

Seja por ser um “pré-requisito”, seja pela multiplicação das informações e a facilidade de acesso graças à tecnologia, seja pelas várias funções anteriormente “humanas” e agora meramente delegadas “às máquinas” –  ou mesmo pelo aprendizado de que, nas etapas mais “seniores” das carreiras, o que “conta” é o “soft skill”, a habilidade sócio emocional – já não basta ser “apenas” um excelente técnico. É preciso agir como um ser humano, acolhedor e empático.

Especialmente em posições de liderança e de gestão, é a habilidade pessoal (liderança, motivação, inspiração, novas idéias, novas perguntas e provocações…) que mais se busca e valoriza. E “sai na frente”, quem realmente é visto como “humano”, que pratica a escuta ativa, que trata as pessoas como pessoas e com sensibilidade, que entende e respeita as suas “dores” e aflições…

Pode até parecer paradoxal, mas essa valorização do “ser humano” (de verdade!!) nada mais é do que a eterna busca do equilíbrio, do “meio termo”, do racional em sintonia com o emocional, e da excelência das complementariedades. De uma forma “atualizada”. É antigo e moderno ao mesmo tempo, e sempre atual!

O “caminho” para se lidar com essa realidade nos departamentos jurídicos das empresas também é o do equilíbrio, entre as pressões e as demandas do universo corporativo por resultados (resultados, resultados, resultados) e a reduções de pessoas, custos, espaços e prazos. Mas notem que é “também isso”, e não “apenas” isso…

Reflita sobre a sua equipe, a sua organização, os seus próprios métodos de gestão, e inclua um pouco mais de empatia. Você verá uma revolução positiva nas relações e na produtividade.

Procure refletir sobre o tema. E sobre como a sua empresa e o seu departamento jurídico estão efetivamente cuidando da empatia. E praticando-a!

A sua carreira e os seus colegas agradecem.

EmpatiaLeonardo Barém Leite é advogado em São Paulo, especializado em negócios e em advocacia corporativa, sócio sênior da área empresarial de Almeida Advogados, com foco em contratos e projetos, societário, governança corporativa, “Compliance”, fusões e aquisições (M&A), “joint ventures”, mercado de capitais, propriedade intelectual, estratégia de negócios, infraestrutura e atividades reguladas.

Formado em Direito pela Universidade de São Paulo (“São Francisco”) com especialização em direito empresarial, pós graduado em administração e em economia de empresas pela EAESP-FGV/SP, bem como em Gestão de Serviços Jurídicos pela mesma instituição. Pós-graduado em “Law & Economics” pela Escola de Direito da FGV/SP, especializado em Direito Empresarial pela Escola Paulista da Magistratura (EPM) e em Conselho de Administração pelo IBGC/SP. Mestre em “Direito Norte Americano e em Jurisprudência Comparada” pela “New York University School of Law” (NYU/EUA).

É membro de diversos conselhos de instituições brasileiras e internacionais, autor de diversas obras sobre gestão jurídica estratégica e direito empresarial, professor em cursos de pós-graduação. Integra várias comissões e comitês de advocacia corporativa em São Paulo e em outros estados.

É professor em cursos de especialização em Gestão Estratégica de Departamentos Jurídicos de Empresas na FIA e na FAAP, em São Paulo, e autor de livros sobre o assunto. Foi sócio do escritório Demarest e Almeida – Advogados onde atuou por mais de 20 anos, e também advogado estrangeiro no escritório Sullivan & Cromwell em NY e na Europa nos anos 1990.

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