Adaptação Permanente

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Por Leonardo Leite

O título deste breve artigo pretende ser tão curto quanto simples, em decorrência da “ditadura do imediatismo” a que muitos de nós temos sido submetidos, mas espera-se que fique claro que “envolve” um pensamento profundo e amplo.

O convite à reflexão, e à consequente aplicação prática do que se conseguir identificar como necessário, espera afetar a todos.

Temos lido e ouvido bastante sobre a necessidade da inovação e da criatividade (escrito também), e são mesmos competências fundamentais que precisamos incentivar constantemente.

Um ponto pouco comentado é que tanto uma quanto outra (inovação e criatividade) pressupõe na maioria das vezes uma “mente flexível” e livre.

Na mesma linha, e talvez até como ponto de partida, temos que igualmente recordar a máxima de Darwin (sobre adaptação e evolução), que talvez bastante “digamos” e pouco pratiquemos.

A existência de muitas verdades, muitas certezas e de muitas regras, em geral amarra a preconceitos e a ideias antigas, que muitas vezes nos esquecemos de atualizar.

Mais e mais o mundo e a vida nos cobram adaptação e rapidez, pois a realidade se altera constantemente.

Tentarmos “segurar” o tempo e evitar as mudanças que não estão no nosso controle é errado e “à toa”. E quem seguir esse caminho “pagará preços” cada vez mais altos.

O chamado “Mundo Vuca” tem mostrado a sua força, e cobrado que aprendamos a lidar com a volatilidade constante e a alta de certezas.

A lição de Bauman, que sempre recordamos nos artigos, para que nos lembremos de sobre a “liquidez” exagerada refletir (a fim de combater os excessos), também decorre em grande parte da observação do gênio no sentido de acompanhar mudanças (inclusive as ruins).

No que devemos prestar atenção para então nos organizarmos e agirmos frente às mudanças? Em tudo!!

E mais do que respostas, procuremos as perguntas. As perguntas “certas”.

Felizmente já sabe, há muito tempo, que o mundo e a vida são movidos pelas perguntas e não pelas respostas.

Essa verdade é o que nos diferencia das “máquinas”, que aprendem a responder, mas (ainda) não a perguntar o que de fato precisa ser questionado.

As crises são cada vez mais profundas e frequentes, a ponto de já se dizer que são permanentes e apenas mudam o foco. Há uma certa verdade nesse pensamento, se considerarmos o mundo globalizado e a multiplicidade de aspectos e de desafios – realmente, as crises estão sempre presentes.

A constatação de que nos precisamos adaptar sempre e que são as perguntas que “fazem a diferença” pode ajudar muito.

Um dos maiores aprendizados talvez seja perceber que tudo muda o tempo todo, e que precisamos conseguir ampliar nossa capacidade de observação para que sejamos rápidos ao identificar as mudanças. Se possível, tentemos nos antecipar a elas.

Se fizermos um rápido corte na situação e na realidade brasileiras nos últimos 10 (dez) anos, veremos, por exemplo, o quanto já mudou nesse período a questão da mobilidade.

Simplificando bastante, veremos que nas grandes metrópoles como São Paulo, já se tentou, já se ajustou e já se procurou reorganizar questões como modalidades de transporte de massa sobre trilhos, padrões de ônibus, batalhas entre taxis e os chamados “aplicativos”, motocicletas, vias segregadas e expressas ou não, bicicletas e patinetes, dentre outros.

Percebam, por exemplo, como as discussões sobre esses temas que eram tão fervorosas e ferrenhas há alguns anos, hoje já são diferentes.

Todos os modais e as alternativas já pensadas, e experimentadas, apresentaram prós e contras, mas nenhuma delas de fato “emplacou” como perfeita. Pedras surgiram, e surgem, no caminho e mudam a rota.

A grande idéia surgida há 2 (dois) ou 3 (três) anos e que parecia ser a solução perfeita, com o tempo foi impactada por fatores antes não pensados e já não é mais “totalmente perfeita”.

Os temas mais fortes e palpitantes no tocante aos recursos humanos nas empresas há poucos anos, igualmente já foram atropelados pela realidade e novos assuntos surgiram.

Na saúde e na educação brasileiras, tão sofridas, o tema central de hoje, também já é diferente do mais debatido há poucos anos.

Muitos assuntos não chegam a morrer, mas são “atropelados” por urgências e emergências inesperadas – ou às quais pouca atenção se dedicava.

A todo momento surgem (por exemplo) novas ideias, novos agentes, novos grupos que se organizam nesta ou naquela direção, novos desafios na área financeira ou na gestão, novas legislações, novos questionamentos e mesmo influências de outra categoria, como saúde.

O que talvez devamos pensar e perceber é que como nada é para sempre, no mundo das empresas e dos negócios também não será. Ou seja, a realidade nos cobra e cobrará cada vez mais a velocidade na adaptação.

Sabemos que nas crises precisamos ser criativos, mas não apenas nelas.

Tanto na vida pessoal quanto na profissional, na nossa convivência familiar, social ou corporativa, temos que observar permanentemente tudo e todos. Pois tudo e todos estão (sempre) mudando.

Para que tentemos antecipar movimentos e tendências, ou mesmo para rapidamente reagirmos aos que não conseguimos prever, precisamos de muita atenção; e de capacidade de observação.

Na advocacia corporativa e nas nossas organizações, “valem” os mesmos princípios, pois o que valia há alguns anos já não “é bem assim” agora, e por vezes o que valia há poucas semanas também já mudou.

Ao líder e ao gestor, em especial, sugere-se que prestem bastante atenção aos sinais, pois estes em geral nos ajudam a perceber o que já “está começando” a mudar, para que acompanhemos – se possível desde o início.

Sempre recomendamos aos alunos e parceiros que tomem um certo cuidado com as tendências, pois muitas delas surgem como revolucionárias – e algumas até tornam-se tão fortes que muitos se permitem envolver sem questionar. Várias delas são as tendências que rapidamente não se sustentam, que se transformam em outras, ou que simplesmente morrem.

Vemos como importante, porém, que sempre as observemos e as tentemos entender, pois sempre há um motivo para que tenham surgido – e haverá um motivo para que algumas cresçam, e outras não.

Sabemos que “não temos bolas de cristal” e que não conseguiremos adivinhar o futuro, mas precisamos igualmente saber que podemos (e devemos) identificar, observar e acompanhar os sinais.

Aqueles de nós que conseguirmos “perceber antes” e mais rapidamente nos adaptar aos novos desafios e realidades, certamente terão mais chance de ajudar não apenas a si e a suas equipes, como também suas famílias e empresas.

Essa capacidade de observação, de questionamento critico permanente, de atenção aos sinais e aos movimentos, bem como de adaptação, são e devem continuar sendo diferenciais e competências fundamentais.

As “máquinas” ajudam muito sim, e a tecnologia mostrou e reforçou o seu valor ao longo da pandemia de 2019 (covid-19), mas é preciso que nos lembremos sempre de que elas precisam estar a serviço da humanidade – e que não pensam e nem fazem as perguntas corretas sozinhas.

No campo da advocacia corporativa, procure observar com ainda mais foco e determinação, o seu trabalho, a sua equipe, a sua carreira, a sua empresa e o ambiente de inovação e de negócios em geral. Muita coisa está mudando – muita!!

O “segredo” costuma estar no equilíbrio, e também na rapidez de adaptação.

Boa reflexão e adaptação. Permanentes!!

Biografia do Autor

LGPD Leo Leite Advocacia

Leonardo Barém Leite é advogado em São Paulo, especializado em negócios e em advocacia corporativa, sócio sênior da área empresarial de Almeida Advogados, com foco em contratos e projetos, societário, governança corporativa, “Compliance”, fusões e aquisições (M&A), “joint ventures”, mercado de capitais, propriedade intelectual, estratégia de negócios, infraestrutura e atividades reguladas.

Formado em Direito pela Universidade de São Paulo (“São Francisco”) com especialização em direito empresarial, pós graduado em administração e em economia de empresas pela EAESP-FGV/SP, bem como em Gestão de Serviços Jurídicos pela mesma instituição. Pós-graduado em “Law & Economics” pela Escola de Direito da FGV/SP, especializado em Direito Empresarial pela Escola Paulista da Magistratura (EPM) e em Conselho de Administração pelo IBGC/SP. Mestre em “Direito Norte Americano e em Jurisprudência Comparada” pela “New York University School of Law” (NYU/EUA). É membro de diversos conselhos de instituições brasileiras e internacionais, autor de diversas obras sobre gestão jurídica estratégica e direito empresarial, professor em cursos de pós-graduação. Integra várias comissões e comitês de advocacia corporativa em São Paulo e em outros estados. É professor em cursos de especialização em Gestão Estratégica de Departamentos Jurídicos de Empresas na FIA e na FAAP, em São Paulo, e autor de livros sobre o assunto. Foi sócio do escritório Demarest e Almeida – Advogados onde atuou por mais de 20 anos, e também advogado estrangeiro no escritório Sullivan & Cromwell em NY e na Europa nos anos 1990.


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