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Entenda o que é caucus e a sua importância na mediação

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Aqui no blog da MOL já discutimos sobre a mediação e as diferentes técnicas usadas pelos mediadores para ajudar as partes em litígio a trilharem um caminho positivo rumo a um acordo benéfico a todos. Já falamos sobre a escuta-ativa, sobre rapport, comunicação não-violenta e hoje discutiremos outra ferramenta importante nesse processo e que se chama caucus.

Saiba como funcionam as técnicas de mediação de conflitos

O que é Caucus?

Uma sessão de mediação acontece entre as partes em litígio, acompanhadas de advogados ou não, e uma terceira figura imparcial, o mediador. Em princípio, esse encontro é realizado em conjunto, mas é possível que o mediador opte por conduzir sessões privadas com cada uma das partes e por igual quantidade de tempo. Essas reuniões se chamam caucus.

A origem dessa palavra não é exatamente conhecida, mas acredita-se que o termo era originalmente usado por comunidades indígenas da América do Norte para designar encontros individuais que aconteciam entre seus membros. A palavra nem sequer existe no inglês britânico: é uma “invenção” do inglês norte-americano.

A perspectiva da parte ao utilizar métodos alternativos de resolução de conflitos

Qual a sua importância na mediação?

Segundo Débora Barbieri, advogada, mediadora e facilitadora de práticas restaurativas, o caucus é um espaço de escuta mais qualificado que pode tornar a sessão de mediação mais objetiva e benéfica. A ideia é que, individualmente, o mediador tem a oportunidade de aprofundar o seu entendimento não apenas sobre o problema que é objeto da mediação, mas também sobre os aspectos emocionais que podem estar por trás do conflito.

“Ao se sentir ouvida, a parte poderá voltar para a sessão conjunta de mediação mais confiante de que conseguiu expor o seu lado com tranquilidade”, explicou a mediadora. “O problema central que é alvo da mediação pode ser permeado por outras questões. No caucus, o mediador consegue detectar quais questões são essas e trabalhá-las melhor durante a mediação”.

Como e quando usá-lo?

Não há um momento certo para aplicação dessa técnica e ela não é necessariamente obrigatória no processo de mediação. Tudo dependerá da habilidade do mediador em conseguir conduzir a interação entre os litigantes de maneira clara, objetiva e focando no resultado final, que é a solução do conflito em questão.

Contudo, o caucus pode ser muito eficiente para aplacar os ânimos, por exemplo, num momento no qual a sessão conjunta se tornar mais tensa. “Quando o mediador visualiza que as partes estão fechadas uma para a outra, com seus posicionamentos endurecidos e uma alta carga emocional, esse espaço de escuta individual pode trazê-las de volta para o processo mais aberta”, explicou Débora, que é mediadora há três anos.

A polêmica em torno do caucus

Entre os especialistas em resolução de conflitos, há divergências em torno do uso dessa técnica na mediação. Os críticos acreditam que que as partes só irão se resolver de verdade se debaterem o tema juntas, sob risco de que uma sessão em separado possa minar a confiança no processo e levantando suspeitas sobre a imparcialidade do mediador.

Essa é a posição, por exemplo, dos pesquisadores americanos Gary Friedman e Jack Himmelstein, autores de uma das obras mais importantes da mediação, “Challenging Conflict, Mediation Through Understanding” (2008). A dupla levanta a bandeira  de que é preciso encarar o conflito de frente, apesar da tensão entre as partes. Entende, ainda, que é papel do mediador criar um ambiente seguro que permita que uma interação verdadeira aconteça entre as partes.

Essa postura, contudo, não é unânime. O Instituto Internacional de Prevenção e Resolução de Conflitos (CPR), um dos mais importantes centros de resolução de disputas do mundo, é um dos defensores do caucus.

Em seu manual de boas práticas, a entidade aconselha que o local escolhido para sediar as mediações tenha espaços separados para que o caucus ocorra e indica que as sessões privadas aconteçam logo após o primeiro encontro conjunto. “As partes tendem a ser mais sinceras nessas reuniões privadas”, argumenta a CPR, “e o mediador poderá ter acesso a informações confidenciais que não vieram à tona na reunião conjunta”.

“Na minha visão, por mais que existam polêmicas em torno do uso do caucos, meu posicionamento é o de que essa técnica pode possibilitar um melhor entendimento da questão por parte do mediador e pode fazer com que as partes se sintam ouvidas”, explicou Débora, “como o conflito por vezes tem como base questões mais profundas, essas sessões individuais podem deixar tudo mais claro”, pontuou.

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