O que a Advocacia Corporativa e o Mundo Corporativo podem aprender com o carnaval

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Por Leonardo Leite

A relação entre o Carnaval e as empresas pode ser analisada sob diversos pontos de vista, mas entendemos que os principais sejam o sonho comum, a atuação em equipe e a organização.

Em vários aspectos, o universo corporativo é moderno, científico, sofisticado e cercado de consultorias e de teorias excelentes, mas talvez tenha bastante a aprender com o carnaval brasileiro. E a advocacia corporativa também.

Formalmente, as escolas de samba não são propriamente empresas, mas em muito se assemelham e podem nos ensinar. Em vários sentidos “dão um show” todos os anos e encantam o mundo.

Milhares de pessoas (muitas delas bastante carentes) vivem juntas um mesmo sonho e “dão o sangue” para que o desfile seja lindo e se possível vençam a competição.

A despeito da descontração e da alegria, é um projeto muito sério e organizado, com organograma, etapas, diversas funções, orçamento e uma coordenação impressionante.

Logo após uma edição do carnaval, já se começa a planejar a próxima e milhares de integrantes (genuínos e “de aluguel”) começam um novo sonho, um novo “samba”, um novo tema, uma nova série de carros, evoluções e fantasias.

O chamado maior espetáculo da terra é sim muito organizado e empolga pela própria empolgação.

Embora vários dos integrantes de cada escola não sejam funcionários dela (ao contrário, muitos são “patrocinadores” e colaboradores), é inegável que seguem orientação e trabalham lindamente em equipe.

O desenho do show passa muito pela motivação e pela empolgação, assim como pelo conceito de sonhar um mesmo sonho.

Conceitos muito festejados nas empresas funcionam brilhantemente nas escolas, tais como liderança, equipe, paixão pelo que se faz, dedicação, disciplina, objetivo comum e apoio recíproco, lealdade, metas e objetivos claros, restrições (financeiras, de espaço e de todo tipo), desafios, resiliência e frustrações.

Sem dúvida, todo o luxo e a criatividade impressionam, e fazem do desfile um acontecimento mundial que merece aplauso geral.

Mas como eles conseguem fazer esse show?

Certamente, o alinhamento de todos é o grande segredo e passa muito pela paixão, pelo amor de todos ao grupo e ao sonho maior.

Sem dúvida é um excelente exemplo de que nem tudo na vida se faz por dinheiro e que muitas vezes a motivação para o trabalho em equipe vem do sonho comum.

Durante um ano, milhares de pessoas dedicam muito tempo, dinheiro e esforço às diversas etapas do projeto que coordenado exemplarmente pelo carnavalesco, a diretoria da escola e todos que planejam e atuam diretamente no desenvolvimento.

Todos os anos algumas escolas serão premiadas, algumas serão rebaixadas, algumas serão promovidas (dependendo do grupo), de forma que algumas ficarão felizes e outras frustradas – mas todas vencem e nenhuma desiste.

Controlar a frustração e o receio do fracasso, com muita resiliência, é sem dúvida boa parte do desafio e um aprendizado constante.

Na mesma linha, a motivação que empolga multidões e que leva alegria a todos (mesmo num país tão sofrido como o Brasil) impressiona pela sua capacidade de “fazer o mundo parar” e muitos não pensam em mais nada – apenas no Carnaval. E não apenas no período de desfiles, sempre!

Assim como o esporte exige muito planejamento, dedicação, técnica, treinamento, esforço, disciplina e trabalho, também o carnaval precisa de tudo isso, mas consegue adicionalmente gerar o encantamento total de todos os integrantes da equipe.

Uma orquestra também demanda (entre outras questões), criatividade, talento, dedicação, treinamento, alinhamento e coordenação, mas não supre nesse aspecto a paixão dos integrantes de cada escola no desfile.

Todo gestor de time, jurídico ou não, adoraria contar com grupos tão motivados e determinados, ao mesmo tempo tão alegres e dedicados, quando uma ala de escola de samba. E todo departamento de Recursos Humanos também!

Trata-se sim de um mundo à parte (que é muito específico), mas que certamente pode ensinar muito mais a todos nós do que estudiosos de universidades renomadas. E o foco total está nas pessoas!

Lembremo-nos de que temos que pensar sempre nas pessoas, pois são não apenas alma da empresa como quem de fato gera resultados.

As escolas de samba, atualmente, têm tecnologia, usam a computação e muitas têm patrocínios enormes e orçamentos grandiosos, mas o efetivo ponto central é a equipe.

O segredo está nas pessoas e no alinhamento maravilhoso que cada equipe consegue. Sigamos, sim, procurando cada vez mais tecnologia, resultados, redução de custos, mas sejamos também criativos, inovadores, organizados, motivados e procuremos todos juntos os bons resultados – como as escolas de samba fazem!

Aprendamos também com o carnaval. E procuremos superar aos outros e a nós mesmos neste ano e nos próximos.

Biografia do Autor

LGPD Leo Leite Advocacia

Leonardo Barém Leite é advogado em São Paulo, especializado em negócios e em advocacia corporativa, sócio sênior da área empresarial de Almeida Advogados, com foco em contratos e projetos, societário, governança corporativa, “Compliance”, fusões e aquisições (M&A), “joint ventures”, mercado de capitais, propriedade intelectual, estratégia de negócios, infraestrutura e atividades reguladas.

Formado em Direito pela Universidade de São Paulo (“São Francisco”) com especialização em direito empresarial, pós graduado em administração e em economia de empresas pela EAESP-FGV/SP, bem como em Gestão de Serviços Jurídicos pela mesma instituição. Pós-graduado em “Law & Economics” pela Escola de Direito da FGV/SP, especializado em Direito Empresarial pela Escola Paulista da Magistratura (EPM) e em Conselho de Administração pelo IBGC/SP. Mestre em “Direito Norte Americano e em Jurisprudência Comparada” pela “New York University School of Law” (NYU/EUA). É membro de diversos conselhos de instituições brasileiras e internacionais, autor de diversas obras sobre gestão jurídica estratégica e direito empresarial, professor em cursos de pós-graduação. Integra várias comissões e comitês de advocacia corporativa em São Paulo e em outros estados. É professor em cursos de especialização em Gestão Estratégica de Departamentos Jurídicos de Empresas na FIA e na FAAP, em São Paulo, e autor de livros sobre o assunto. Foi sócio do escritório Demarest e Almeida – Advogados onde atuou por mais de 20 anos, e também advogado estrangeiro no escritório Sullivan & Cromwell em NY e na Europa nos anos 1990.

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